"Entreguei o poder ao povo e voltei para a minha tenda"
Março 02, 2011
sattotal
Numa cerimónia pública em Trípoli, Muamar Kadhafi reitera que não ostenta nenhum poder na Líbia e recorda que foi há muito tempo que entregou o poder ao povo.
O dia 2 de Março de 1977 marca a data em que Kadhafi diz ter entregue o poder nas mãos do povo, após o derrube da monarquia.
"Desde 1977, que eu e os militares [responsáveis pela revolução de 1969] entregámos o poder ao povo", disse Kadhafi na comemoração do 34º aniversário da entrega do "poder ao povo".
Perante dezenas de pessoas, presentes na cerimónia, Kadhafi disse que a Líbia "não precisa de presidentes nem reis" e descreveu-se como uma "mera referência, um símbolo".
"Entreguei o poder ao povo e voltei para a minha tenda", afirmou o líder líbio, desafiando "quem quiser" a provar que é ele que exerce o poder na Líbia.
Ao 16º dia de revolta nas principais cidades líbias, Muamar Kadhafi distancia-se da posição de alvo de todos os protestos: "Ouvi os noticiários mencionarem o meu nome directamente. Ri-me. O que é que isso tem a ver comigo? Eu liderei uma revolução e depois saí. Agora o poder e a autoridade estão nas mãos do povo".
Kadhafi afirmou ainda que não aconteceram manifestações e pediu mesmo à ONU para enviar uma "missão de verificação" ao país.
Ao mesmo tempo que nega os protestos, o líder líbio volta a acusar a Al- Qaeda de ser responsável pelos disúrbios no país e deixou um aviso: "Combateremos até o último homem e a última mulher", afirmou.
Comissão Europeia diz que Kadhafi deve sair
Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, fez hoje um apelo a o Muamar Kadhafi, afirmando que este deve renunciar ao poder e "devolver o país ao povo da Líbia".
"As acções completamente inaceitáveis do regime líbio nas últimas semanas deixaram muito claro que o coronel Kadhafi é parte do problema, e não parte da solução", declarou Durão Barroso.
"É hora de partir e devolver o país ao povo da Líbia, permitindo que as forças democráticas definam o caminho do futuro", disse.
"A situação a que estamos a assistir na Líbia é simplesmente atroz e não podemos aceitá-la", insistiu.
Fonte:- @SAPO/AFP