O ditador da Líbia, Muammar Khadafi, voltou a atribuir à a rede terrorista Al Qaeda, do saudita Osama bin Laden, a culpa pelos protestos que estão ocorrendo nos países árabes desde de dezembro, especificamente na Líbia. Desta vez, Khadafi fez as declarações em entrevista publicada neste domingo (6) pelo diário francês Journal du Dimanche.
"Haverá uma jihad islâmica em frente a vocês, no Mediterrâneo", exclama o ditador, referindo-se a uma insurgência do grupo liderado pelo terrorista Osama bin Laden no mar que separa a Europa do Norte da África. "O povo de Bin Laden virá impor resgates em terra e no mar. Voltaremos aos tempos do Barba Ruiva, dos piratas, dos otomanos que exigiam pagamento de resgate sobre os navios", disse o coronel Khadafi.
"Fico realmente surpreso que não se entenda que o que ocorre aqui (na Líbia) é uma luta contra o terrorismo", acrescentou. "Por que quando estamos em combate ao terrorismo aqui na Líbia não vêm nos ajudar?", questiona-se Khadafi, ao destacar que, nos últimos anos, seu país cooperou muito no assunto com outros países.
Ele adverte que "haverá de fato uma crise mundial e uma catástrofe no mundo todo". "A Al Qaeda deu instruções a suas células dormentes na Líbia para virem à tona", acusa o coronel. "Quando se deu a confusão na Tunísia e no Egito?", pergunta-se o líder líbio. Para ele, "os jovens não conhecem a Al Qaeda nem a ideologia desta organização, mas os membros dessas células lhes dão até pílulas alucinógenas".
"Hoje, esses jovens tomaram gosto por essas pílulas e pensam que as metralhadoras são como fogos de artifício", continua. Khadafi quer uma investigação in loco "das Nações Unidas ou da União Africana". "Vamos permitir a essa comissão que verifique no terreno, sem nenhum obstáculo". "Jamais disparei contra meu povo!", exclama mais adiante na entrevista. "Vocês não acreditam que o regime argelino há anos combate o extremismo islâmico fazendo uso da força!". "E vocês não acham que os israelenses bombardeiam Gaza e as vítimas civis por causa dos grupos armados que há ali? E no Afeganistão ou no Iraque, não sabem que o Exército americano causa regularmente vítimas civis?", questiona o líder líbio.
JL
EUA, Alemanha, França, Itália e China posicionam-se no Mar Mediterrâneo para uma possível intervenção na Líbia
Uma fonte do Ministério da Defesa grego informou nesta sexta-feira (4) que os Estados Unidos estão mobilizando vários aviões e efetivos militares em sua base militar na ilha grega de Creta como parte de um plano de preparação para uma eventual missão na Líbia. Já na ultima quarta-feira, o navio de guerra norte-americano USS Kearsarge chegou à ilha trazendo 77 oficiais, 1,1 mil marinheiros, aviões, helicópteros, barcos anfíbios e munição de guerra pesada.
A movimentação norte-americana no Mediterrâneo já havia sido alertada por Washington, que avisara, no início da semana, que tinha a intenção de intervir na Líbia, que já enfrenta uma crise política sangrenta há mais de um mês.
"Atualmente na região se encontram seis aviões C-130 americanos, dois C-160 alemães e dois aviões de reconhecimento RC-135 americanos", informou a fonte do Ministério da Defesa. Um destacamento de 400 marines também chegou na quarta-feira à base dos EUA para ser trasladado a navios de guerra no Mediterrâneo.
"Os EUA não têm tropas na Líbia, mas se encontram em estado de alerta", disse um porta-voz da embaixada americana em Atenas. A embaixada informou que "os EUA estão mobilizando tropas e equipamento naval na região, para estar preparados e dar opções ao presidente (americano, Barack Obama)", afirmou o porta-voz.
Além de forças americanas, navios de guerra alemães, franceses, italianos e chineses também se encontram posicionados no Mediterrâneo, no que é interpretado, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como uma ameaça de intervenção militar. França, Reino Unido e Estados Unidos, aliás, apoiam e propuseram uma ação militar na Líbia contra o líder Muammar Khadafi.
Em meio à confusão, o governo Brasileiro, também nesta sexta, manifestou-se contra qualquer tipo de intervenção internacional no país. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que não apoiaria nenhuma invasão, a não ser que o Conselho de Segurança da ONU autorizasse tal ação militar